Radio Duda Campos Show
quarta-feira, 23 de setembro de 2020
Nada a dizer
O que dizer das mãos
se os dedos inábeis
já não tecem paixões?
O que dizer do sorriso
se afogamos nos lábios
nosso último gemido?
O que dizer dos olhos
se envoltos em inevitáveis fugas
já buscam abrigo?
O que dizer dos braços
se num caloroso abraço
te entrego à vida?
Restará, talvez,
o que dizer do lindo dia
que se fez à partida.
Nada a dizer
Ausência
Ausência
Que companhia me resta hoje?!
Solto as palavras que me dão alento
Sinto tudo ausente, já tudo me foje!
Até as recordações fogem do pensamento.
Neste dia, tudo está ausente
Resta a poesia, neste triste momento
E as batidas dum coração que sente
Só a lucidez, o mais é desaparecimento.
Neste silêncio macio vou chorando
Pelos instantes felizes que não tive
Até meus olhos desistem,me vão abandonando.
As mãos me vão tremendo extenuadas
Meu sangue flui, reflui ainda vive
Palavras frágeis,defesas sobressaltadas.
Todas as noites
quando o sol morre no meu olhar
viajo na escuridão
qual poema maldito
que às cegas destrói o relógio
que o tacto não consegue desvendar
mas...
é na incerteza da hora que encontro
a solução para a grave avaria
deste meu mergulhar no tempo
que se foi e nunca foi meu
e que vem, em regresso (e)terno
no espaço que transforma os céus
em saias de nuvens
em almas d´água fresca...
agora ...
só me falta ...
naufragar !
Talvez as paternidades nunca geradas
as maternidades nunca vingadas
gerem filhos
numa lista que em biliões de tempos aguarda
o degelo
para que o conforto tropical de novos oceanos
acarinhe e alimente um novo dia
em que todos os gerados, naturalmente, sem esforço,
em comunhão, e duma vez por todas, dêem as mãos
assim ...
mãe, pai, filho em sinónimo de todos os nomes e pronomes
semelhante de :
eu, tu , ele
nós, vós , eles ...
“Detrás dos óculos, tanta vida... ”
Meu rosto é palco de todos os mundos...
Os lábios em batom cor de boca, esboça
um sorriso, ainda que triste...
Olhando-o através dos olhos daquela miúda
segura por tua mão...
Não consegue disfarçar a nudez desconcertante,
que da alma, traz outras versões.
Hoje seguro as tuas mãos, tentativa de trazer o ontem,
que estampa imagens que ao longe se movem,
soletram palavras quase inaudíveis,
como se escrevesse por linhas tortas.
Nos olhos uma sutileza que conheço bem,
mostrando-me novas versões de uma mesma verdade...
O exposto é o que menos incomoda.
A verdade dos olhos são os detalhes que leio.
Essa verdade sem códigos...
Da cadeira dessa varanda vê o mundo.
Teu olhar deixa minhas trilhas expostas,
me traduz, meu coração vira território aberto,
pastos verdes,e meus pesadelos abranda,
emprestando a frágil luz.
Não deveria ser o contrário?
Mas o frágil coração sabe...
Que seu olhar é remédio preciso e forte,
para curar ausências.
E suas palavras, ainda que as vezes sussurradas,
promessas de fartas colheitas.
Seguro tuas mãos...
Sentindo a força de um cavalo zaino,
cujo destino é vencer.
Nesse momento tenho a certeza de que o futuro,
mora detrás destes óculos...
"Ao meu pai."
segunda-feira, 15 de junho de 2020
Pensamentos
Deitado, mente rumando aos mais obscuros pensamentos,
Ou talvez seja só a cabeça no travesseiro, talvez.
Chegou a hora de planejar sobre o que vou me arrepender amanhã.
Já lembrando os acontecimentos pretéritos de hoje, que planejei me arrepender ontem.
Talvez fosse mais feliz se fizesse o que realmente queria,
Ou seria mais infeliz por ter escolhido aquilo.
Traga-me o café, um trago de cigarro e um pôr do sol.
Disso não me arrependerei! Por enquanto.
Mero acidente da matéria, aproveitando a poeira que sou nessa imensidão,
Que seja isso então! O café, o cigarro, o vinho... Ah o vinho
Por que ébrio eu rumo ao pensamento
De pensar quão livremente preso estou à vida, controlando-a ...
para não ter arrependimentos futuros...
quinta-feira, 15 de agosto de 2019
A Febre
Madrugada. Febre alta. Era a agonia.
Quarenta graus de morte e de calor.
A febre sufocava. A dor doía...
Cansaço. Desconforto.
Febre alta. Agonia. Madrugada.
O corpo parecia se entregar.
A voz gritava, desesperado.
Tudo que a voz sabia era gritar.
Febre alta. Quarenta. Desespero.
Um desacerto. Um dano. Um exagero.
A dor agonizando a madrugada.
Às vezes também é assim a vida:
Tem dias que arde em febre descabida
Como quem traz a alma sufocada.
A febre ardendo. A alma torporosa.
Cansaço. Desconforto. Mal-estar.
Uma agonia insana e escandalosa.
A alma parecendo sufocar
Como se fosse eterna a madrugada,
Como se fosse imensa essa agonia,
Como se fosse um sol que incendiava,
Como se a noite devorasse o dia...
A alma padecendo em desconforto
Como quem se desgarra e perde o porto...
Como quem é só descontentamento...
Algum lugar há de existir, no entanto,
Que ponha fim à dor e ao desencanto
E que amenize a cor do sofrimento...
Quarenta graus de morte e de calor.
A febre sufocava. A dor doía...
Cansaço. Desconforto.
Febre alta. Agonia. Madrugada.
O corpo parecia se entregar.
A voz gritava, desesperado.
Tudo que a voz sabia era gritar.
Febre alta. Quarenta. Desespero.
Um desacerto. Um dano. Um exagero.
A dor agonizando a madrugada.
Às vezes também é assim a vida:
Tem dias que arde em febre descabida
Como quem traz a alma sufocada.
A febre ardendo. A alma torporosa.
Cansaço. Desconforto. Mal-estar.
Uma agonia insana e escandalosa.
A alma parecendo sufocar
Como se fosse eterna a madrugada,
Como se fosse imensa essa agonia,
Como se fosse um sol que incendiava,
Como se a noite devorasse o dia...
A alma padecendo em desconforto
Como quem se desgarra e perde o porto...
Como quem é só descontentamento...
Algum lugar há de existir, no entanto,
Que ponha fim à dor e ao desencanto
E que amenize a cor do sofrimento...
segunda-feira, 8 de abril de 2019
Julgamento
Julgamento........
Não me julgue
No meio da multidão
não sou mais um
sou incomum
Sigo meus instintos
Nem sempre é preciso razão
sou indomável
tente me entender não
as palavras dizem o que queremos
os olhos dizem o que sentimos
perceberemos a diferença
Escutando a intuição
A voz que vem do coração
Parece tudo complexo
No meio da multidão
não sou mais um
sou incomum
Sigo meus instintos
Nem sempre é preciso razão
sou indomável
tente me entender não
as palavras dizem o que queremos
os olhos dizem o que sentimos
perceberemos a diferença
Escutando a intuição
A voz que vem do coração
Parece tudo complexo
mas tudo tem nexo
É questão de percepção.
É questão de percepção.
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Nada a dizer O que dizer das mãos se os dedos inábeis já não tecem paixões? O que dizer do sorriso se afogamos nos lábios nosso último ...